Manoel Mauricio Freire de macedo

2 de janeiro de 2013

FABRICIO GOMES PEDROZA

         

De Coité a Macaíba: Guarapes e a figura de Fabrício Gomes Pedroza


                                Fabricio Gomes Pedroza - Fundador de Macaiba-Rn

O município de Macaíba está situado na microrregião de Macaíba, distante 22 quilômetros de Natal, capital do Estado do RN. Possui uma área de 512 quilômetros quadrados e uma população de 63.337 habitantes, segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2007. Em fins do século XVIII, a povoação situada às margens do rio Jundiaí já era uma realidade. As famílias se dedicavam ao trabalho de plantação de algodão, cultura de cereais e criação de gado.O nome da povoação que começava a crescer na orla do rio Jundiaí, veio da árvore Coité que se destacava entre os vegetais existentes na região. Por acontecimentos externos que impulsionaram o ciclo do algodão e a própria mobilização comercial, Coité foi bastante favorecida nos meados do século XIX, e por encontrar-se localizada numa área estratégica, para a época, beneficiou-se com toda situação que envolvia a comercialização e o transporte de algodão.No período da Guerra de secessão dos Estados Unidos da América (1861 – 1865), o algodão produzido no Rio Grande do Norte entra em sua melhor fase. É que com a guerra, os EUA deixam de fornecer algodão para a Inglaterra, que passa a importar o produto diretamente do Egito e do Brasil. O Rio Grande do Norte, produtor de algodão nessa época, mandava sua produção em comboios de animais para descarregar no porto de Guarapes, que servia de intercâmbio entre o interior, produtor de algodão, e o exterior, no caso a Inglaterra, que estava em franca expansão industrial. Eram tempos precários no setor de transportes. Isso acontecia porque os grandes navios não entravam no porto de Natal por problemas na chamada Boca da Barra, gerando, assim, a necessidade de outros meios para o transporte da produção algodoeira negociada com a Inglaterra. A vinda da produção de algodão e do açúcar do interior do Estado, chegava naturalmente ao povoado de Coité, fazendo com que a localidade se tornasse na época, um importante entreposto comercial.
Vários autores falam da importância do ancoradouro de Guarapes. Segundo Luís da Câmara Cascudo, Guarapes acomodava no seu improvisado porto galeras de mais de 500 toneladas de arqueação. De 1869 a 1870, carregava em Guarapes para fora do Império vinte navios. Natal carregava vinte e um no mesmo espaço de tempo. Já Tarcísio Medeiros, no seu livro Aspectos Geopolíticos e Antropológicos da História do Rio Grande do Norte, afirma que do porto de Guarapes partiam para o exterior Galeras, brigues, caravelões carregados de mercadorias. Diz ainda que entre os anos de 1869 e 1870, vinte e duas embarcações partiram diretamente de Guarapes para a Inglaterra. De Natal partiram dezenove, o que vem a comprovar a importância comercial do local. Ainda segundo Cascudo, Macaíba, nesse período, gozava de uma vida social bastante movimentada. Havia intenso tráfico comercial e festas populares, todas organizadas com o apoio do Sr. Fabrício, bastante solicitado no sentido de apoiar tais eventos. Eram tempos precários no setor de transportes, ficou difícil o transporte de qualquer coisa para o exterior ou mesmo trazê-los para a capital. Os grandes navios não entravam no porto de Natal por problemas na chamada Boca da Barra, gerando, assim, a necessidade de outros meios para o transporte da produção algodoeira negociada com a Inglaterra. A vinda da produção de algodão e do açúcar do interior do Estado, chegava naturalmente ao povoado de Coité, fazendo com que a localidade se tornasse na época, um importante entreposto comercial. Mas afinal, quem foi Fabrício Gomes Pedroza, e porque teria construído Guarapes?
 Segundo pesquisas de Luiz da Câmara Cascudo, Fabrício Gomes Pedroza foi um pernambucano da cidade de Nazaré (outros autores, no entanto, afirmam que o sr. Fabrício era natural de Areia, cidade da Paraíba), que já residia em Natal em meados de 1847, onde em 29 de setembro do citado ano teria falecido a sua primeira esposa, Ana de Vasconcelos. Depois de viúvo casa-se com Damiana, uma das filhas do capitão Francisco Pedro Bandeira, um dos moradores do povoado de Coité, dono da maior parte das terras da região. O sr. Fabrício, percebendo que o sítio do seu sogro era propício para o comércio, por estar localizado à margem esquerda do rio Jundiái, faz construir em Coité um armazém, não só para recolher o açúcar que era produzido em seu engenho, o engenho Jundiái, situado na mesma área da fazenda do seu sogro, como também para os produtos que comercializasse nos engenhos dos vales de São José e Ceará Mirim.
Como havia a família Moura dominando praticamente toda a região que compreendia São Gonçalo, Uruaçu, até os limites de Macaíba, o Sr. Fabrício, tentando evitar conflitos, resolve se estabelecer fora dos domínios desses, em Guarapes.

Por volta de 1859, manda construir no alto de uma colina, no início da “estrada velha” de Guarapes, um imponente casarão e ao seu redor um verdadeiro complexo, incluindo armazém, capela, alojamento para funcionários e senzalas para os escravos. A vantajosa posição comercial de Macaíba nessa época, em comunicação com o centro do Estado, ou seja, com os vales agrícolas e o alto sertão, fez com que o Sr. Fabrício mandasse erguer um ancoradouro para carregar e descarregar as mercadorias. Eloy Castriciano de Souza, em suas memórias, fala detalhadamente sobre a importância de Guarapes para a economia da Província do Rio Grande nesse período, elevando Macaíba à condição de uma das cidades mais importantes, como falamos acima.
Assim transcorria a vida em Coité, que gozava de uma privilegiada posição comercial e econômica comparável à da capital do Estado. Mas o povoado muda de nome. A história registra que num determinado dia de 1855, o Sr. Fabrício reuniu-se com seus familiares, parentes, vizinhos e amigos numa festa em sua residência e sugeriu que o nome do lugar fosse mudado de Coité para Macaíba. Surgia assim o povoado de Macaíba, oficializado município em 1877, e cidade em 1889.
Segundo Câmara Cascudo, no seu livro Nomes da terra, o Sr. Fabrício teria plantado no alinhamento do povoado de Coité um pé de macaíba (tipo de palmeira), a qual ele muito admirava. Neste dia, diante dos aplausos dos presentes naquela festividade, Coité mudou de nome, passando a se chamar Macaíba.

Outros autores, no entanto, falam que a árvore localizava-se no quintal da casa do Sr. Fabrício e que ele teria mandado enfeitá-la, preparado uma festa, convidando inclusive um sacerdote para lançar a bênção ao novo povoado, solenizando assim, em 1855, a mudança do nome de Coité para Macaíba, sob os aplausos dos seus convidados, que aprovaram o grato acontecimento.
Fabrício Gomes Pedroza só deixa Guarapes quando adoece, indo morar no Rio de Janeiro, onde morre no Bairro de Santa Tereza a 22 de setembro de 1872. A sua segunda esposa, d. Damiana morreu em 3 de julho de 1857. Ele casou pela terceira vez com d. Luiza Florinda Pedroza, que ficou viúva, falecendo em Natal em 20 de janeiro de 1910, aos 80 anos de idade.
Depois da morte do velho Fabrício Guarapes ficou sob a administração dos filhos. Com a chegada das linhas ferroviárias à região a força comercial de Guarapes e conseqüentemente de Macaíba, entram em declínio.
Hoje, de todo o complexo industrial que existiu em Guarapes, restam apenas as ruínas do velho casarão, já em total estado de destruição. Em 18 de dezembro de 1990, o casarão de Guarapes foi tombado pelo Governo do Estado através da portaria nº 456/90. No entanto, até o presente (estamos no ano 2012), nada foi restaurado.M.M.F.M. PESQUISADOR

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