Manoel Mauricio Freire de macedo

21 de janeiro de 2013

FRANCISCO FREIRE DA CRUZ



                                   Mausoléu de Francisco Freire da Cruz na matriz de Macaiba-rn 

Essa semana, chegando para a missa, contemplei o mausoléu do jovem Francisco Freire da Cruz, nome de rua em minha terra, Macaíba. Em 2010 completou-se o centenário da sua morte, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Esse esboço procurará evidenciar a curta trajetória do macaibense falecido ainda tão jovem e que até a atualidade continua reverenciado em sua aldeia.
A família Freire chegou a Macaíba durante a corrida comercial que aqui se verificou com a fundação da feira e do povoado por Fabrício Pedroza. O fundador da família, Manoel Joaquim Freire(pai de Manoel Mauricio Freire), oriundo de São José de Mipibú, chegou na florescente povoação já casado com Inês Emiliana Freire.

Dentre os muitos filhos advindos destas núpcias, contava-se Isabel Freire que casou com Francisco Severiano da Cruz e tiveram Isabel Freire da Cruz (Madrinha Beleza) e Francisco Freire da Cruz, nascido em 09 de fevereiro de 1881.

D. Isabel Freire da Cruz foi a primeira mulher em Macaíba a ser comerciante. Seus negócios constituíam-se de um armazém que vendia ferragens e de uma loja que comercializava roupas e chapéus no melhor estilo Frances. Ao falecer deixou grande fortuna que foi administrada pelo pai Manoel Joaquim Freire, tutor dos netos, que não raro respondia em juízo os desvios de dinheiro do montante.

Desde muito cedo, Francisco da Cruz destacou-se no meio social de Macaíba, participando do Grêmio Literário “Tobias Barreto”, escrevendo poesias e crônicas para diversos periódicos do Pará, do Rio de Janeiro e de Natal, notadamente “A República”, do qual foi correspondente em Macaíba. Foi um orador solicitado nas diversas manifestações ocorridas na cidade.

Tão logo alcançou sua maioridade civil, Francisco da Cruz requereu ao juiz de direito de Macaíba a sua parte na herança materna com o objetivo de entrar numa faculdade. No jornal “A República”, de sábado, 14 de maio de 1904, traz uma nota de despedida de Francisco da Cruz que estava de viagem para a cidade de Fortaleza, no Ceará, para estudar Direito. Não consegui maiores informações acerca da vida de Francisco da Cruz na capital cearense, o certo é que mudou para Belém do Pará e, posteriormente, para o Rio de Janeiro onde deu continuidade aos estudos, ao que tudo indica parados anteriormente por motivos de saúde.

Ainda em Belém, Francisco da Cruz casou-se por procuração com uma jovem carioca, cujo nome não nos foi possível verificar, fato que ensejou sua mudança para o Rio de Janeiro onde passou a residir na rua das Laranjeiras 398, bairro do Flamengo, envolveu-se com o Instituto dos Surdos Mudos e com a Sociedade Nacional de Agricultura, além de ter dado continuidade aos seus estudos em direito. Era quartanista quando faleceu devido um “excesso de gripe” no dia 10 de agosto de 1910.

Sua morte tão prematura abalou a todos. Foi sepultado no mesmo dia as 17:00 horas no cemitério de São João Batista, onde o acadêmico Celso Lemos proferiu discurso de despedida. A Faculdade de Direito do Rio de Janeiro ficou em luto por oito dias. Posteriormente, D. Isabel Freire da Cruz (Madrinha Beleza), trouxe os restos mortais do pranteado irmão e sepultou-os no mausoléu da família na matriz.

Em Macaíba, terra natal de Francisco Freire da Cruz, exista no Largo das Cinco Bocas um cruzeiro erguido por volta de 1880 que significava o marco zero da cidade. Por isso a artéria que segue daquele ponto para oeste da cidade, era chamada de Rua da Cruz. Aproveitando o topônimo, a Intendência Municipal determinou homenagear o jovem Francisco, que era Cruz, sem retirar o antigo e histórico nome. Assim, até os presentes dias, os macaibenses ora dizem Rua da Cruz, ora Rua Francisco da Cruz. artigo escrito por Anderson Tavares.

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